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Administração via intranasal de fitomedicamento com potencial antidepressivo é tema de pesquisa na Univali

Brasil ocupa a 5ª posição no ranking de países com maiores taxas de depressão


por Roberta Ramos | 14/03/2024

​Há mais de duas décadas os pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas (PPGCF) da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) estudam a atividade farmacológica e fitoquímica da espécie Rapanea ferrugínea.

As pesquisas com as folhas, frutos e cascas da espécie, típica de ambientes úmidos e nativa do Brasil, demonstraram que os extratos e os compostos isolados do gênero possuem ação anti-inflamatória, analgésica, antioxidante e antidepressiva.

A mais recente pesquisa do PPGCF envolvendo a espécie Rapanea ferrugínea buscou comprovar o potencial antidepressivo do fitomedicamento e desenvolver um sistema nanotecnológico contendo ácido mirsinoico A isolado das cascas da planta para administração intranasal, transformando, desta forma, extratos e compostos isolados em novos produtos farmacêuticos.

A pesquisa Sistema autoemulsificável para transporte nariz-cérebro de ácido mirsinoico: desenvolvimento e avaliação da atividade tipo antidepressiva in vivo, desenvolvida por Anna Carolina Furaer da Rocha e orientada pelas professoras Ruth Meri Lucinda da Silva e Marcia Maria de Souza, é o tema do oitavo episódio do projeto Minuto da Ciência, conteúdo multiplataforma produzido pela Gerência de Marketing e Comunicação da Univali junto à Vice-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão.

Minuto da Ciência - Ep.8 Ruth Meri Lucinda da Silva.jpg#PraTodosVerem Imagem mostra mulher com jaleco branco sorrindo para a foto. No lado esquerdo está escrito Minuto da Ciência - episódio 8, o nome da pesquisadora e da pesquisa. 

O estudo buscou compreender se a incorporação do ácido mirsinoico A (AMA) e do ácido mirsinoico B (AMB) em um sistema nanoestruturado, associado à aplicação por uma via alternativa à oral, aumentaria a solubilidade e a permeabilidade do composto, resultando na potencialização do efeito e na redução dos possíveis eventos adversos. A intenção das pesquisadoras foi avaliar o potencial antidepressivo e a eficácia da via nariz-cérebro usando experimentos com simulação computacional e com organismos vivos em modelos de depressão.

“Dentre as doenças que acometem o sistema nervoso central, a depressão tem recebido muita atenção nas últimas décadas. Estima-se que quase 4% da população mundial, aproximadamente 280 milhões de pessoas, tenham o distúrbio. O Brasil ocupa a 5ª posição no ranking de países com maiores taxas de prevalência de depressão, o que representa 5,7% da população. Devido aos grandes transtornos emocionais, financeiros e sociais causados pela depressão, a busca por tratamentos mais efetivos e com menos efeitos adversos é extremamente necessária", afirma a pesquisadora Ruth Meri Lucinda da Silva.

Ela destaca ainda que a administração intranasal de medicamentos vem sendo reconhecida há alguns anos como uma alternativa não invasiva e confiável à via oral e à via parenteral para liberação de fármacos no sistema nervoso central. “Por via intranasal o medicamento não precisa do metabolismo de primeira passagem no fígado, agindo rapidamente nos receptores do cérebro. Além disso, os sistemas autoemulsificáveis também vem demonstrando ser potenciais veículos para a liberação de fármacos no sistema nervoso central, com capacidade de melhorar a capacidade e a velocidade de dissolução, além da absorção. A pesquisa mostrou que a mistura adere à mucosa nasal poucos segundos após a administração. De forma prática o estudo demostrou que essa via alternativa pode encurtar o caminho, dada a proximidade da via nasal com o tecido cerebral, aumentando a potência e reduzindo os efeitos adversos", complementa.

Prof Ruth - Foto Dales Hoeckesfeld.jpgFoto Dales Hoeckesfeld ​​#PraTodosVerem Imagem mostra as mãos de duas pesquisadoras com luvas brancas em um laboratório mexendo em pequenos frascos de vidro. 

O estudo teve quatro anos de duração e a tese de doutorado foi defendida em 2022. Em razão do ineditismo, a pesquisa conquistou, em 2023, menção honrosa da Academia Brasileira de Ciências Farmacêuticas e teve o registro da patente da tecnologia depositado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). O processo teve o apoio do Hub de Inovação Tecnológica da Univali (Uniinova), setor responsável pela administração dos processos de propriedade intelectual na instituição.

Para o desenvolvimento do estudo as cascas da planta foram coletadas no município de Blumenau e uma exsicata da espécie está depositada no Herbário Barbosa Rodrigues, em Itajaí. “O Brasil tem uma flora com uma diversidade imensa e é muito gratificante olhar para algumas plantas que estudamos há tanto tempo e encontrar alternativas farmacêuticas para compor o tratamento de doenças como a depressão. Entretanto, nós sabemos que esses fitocompostos são pouco solúveis em água e o quanto é difícil direcionar o fármaco dentro do organismo. Por isso, a tecnologia farmacêutica busca resolver essa questão incorporando estes bioativos em nanosistemas. O que precisamos agora é de incentivos e parcerias com a indústria na área farmacêutica para que o projeto possa avançar e o produto inovador desenvolvido possa ser disponibilizado no mercado. É um longo e desafiador caminho, mas muito gratificante", finaliza a pesquisadora.


Minuto da Ciência

O Minuto da Ciência tem o objetivo de dar visibilidade aos resultados das pesquisas científi­cas e das atividades de ensino produzidas pelo corpo docente e discente da Univali, por meio de ações de comunicação com linguagem acessível e facilmente compartilhável pelas plataformas digitais.

O projeto apresenta uma pauta diferente a cada mês e o conteúdo está disponível nos canais da Univali no Facebook, Instagram, Youtube, Twitter, Linkedin e em univali.br/notícias.

 

 


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