Quando há um professor no meio do caminho

Relação de confiança rende aprendizado, metas e conquistas compartilhadas entre aluna deficiente e docente de Educação Física, do CAU Itajaí


por Natália Uriarte Vieira | 09/10/2017

Itajaí - Durante anos da vida de Daniele Baum, de 16 anos, a aula de Educação Física foi sinônimo de exclusão na trajetória escolar. Ela admirava os colegas, ciente de suas limitações físicas, frente aos desafios das atividades coletivas. Mas, neste ano, seus rumos mudaram, surgiu um professor no meio do caminho que, apesar da fama de ser rígido e exigente, não foi simplesmente mais uma pedra. Drean Farencena Dutra propôs à aluna um caminho diferente com treinamento que, a cada semana, coloca mais obstáculos que a desafiam. 

2017-10-09- CAU - Daniele Baum e Drean Farencena Dutra.png

A aluna do Colégio de Aplicação da Univali (CAU) nasceu prematura de 30 semanas e ainda nos primeiros meses de vida teve um derrame cerebral que deixou sequelas principalmente no desenvolvimento motor. A família mudou-se de Rio Negrinho (SC) para Itajaí há oito anos. Os primeiros anos no litoral catarinense foram de adaptações e hoje, a rotina ganhou dinâmica e é motivada pelos sonhos audaciosos da jovem: "Sonho em fazer neurologia pediátrica, também quero morar fora do país, mas no momento a minha meta acordada com o Drean é conseguir caminhar apenas com um apoio na minha formatura, ou seja, usar apenas uma muleta em vez das duas", afirma a estudante do 2º ano do ensino médio.

Em tom seguro, Drean apresenta à Daniele os exercícios do dia. Minutos antes, ele reuniu a turma da qual Daniele faz parte e repassou comandos das atividades coletivas. "A Daniele faz parte da sala e da turma, o grupo dela é parceiro neste sentido porque sabe que muitas vezes dedico minutos da aula para orientá-la. O trabalho é focado no fortalecimento muscular, na melhora do equilíbrio e na superação do seu próprio limite", destaca o professor. Por vários momentos, as pernas dela tremem e parecem não aguentar. Ela respira e olha para ele em busca de um socorro. A resposta é direta: "Vamos, Dani. Está pensando que é moleza? Contrai o abdômen e coloca força aí", fala, enquanto coloca o próprio tronco como apoio para a aluna, transmitindo segurança no momento do sufoco. 

2017-10-05- Daniele Baum e Drean Farencena Dutra - CAU Itajaí.png

Os olhos brilham e enchem-se de lágrimas, num misto de emoção e indignação, ao revelar a própria história. Ela admite que antes só fazia de conta que participava, assistia os colegas jogarem e não se sentia motivada para as práticas. "Para ser honesta, eu nunca tive um professor de Educação Física que me enxergasse como potencial. Sou grata ao Drean, pois evolui muito e ele realmente fez a diferença na minha vida", avalia.

Carregou a tocha nas Olimpíadas do CAU

Em julho, Daniele surpreendeu a todos. Na cerimônia de abertura tradicional olímpiada interna do CAU – OLINCAU, ela levantou da cadeira de rodas e apoiada apenas em uma corda, deu alguns passos segurando uma tocha e acendeu a pira olímpica.

Mais informações: (47) 3341-7546, na direção do CAU Itajaí.

 

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