Opinião: Nós brasileiros estamos menos felizes?

 


por Robson Freire, professor da Escola de Artes, Comunicação e Hospitalidade da Univali e pioneiro na proposição de desenvolver e lecionar a disciplina Felicidade em nível acadêmico no Brasil | 17/04/2019

Sentir-se sem motivação, desanimado ainda sem uma perspectiva parece comum em determinados momentos. Já aconteceu comigo e acredito que também tenha feito parte de alguma fase da sua vida. Mas, tenho percebido que muitas aflições têm sido parte de rodas de conversas com amigos, alunos, e até mesmo na ida até a padaria ou ao supermercado. É como se estivéssemos seguindo para um caminho em que não é possível perceber os próximos passos. E isso, me faz refletir! Será que nós brasileiros estamos menos felizes? Será que este sentimento de insatisfação se proliferou entre nós?


É claro que falamos aqui de subjetividades, e por isso eu não posso fazer generalizações, eu não sinto da mesma forma o que o outro sente, há diferenças nas trajetórias, experiências, espaços e tudo isso influencia a nossa vida, não é mesmo?! Porém, um levantamento apresentado pelo Instituto FGV Social (Fundação Getúlio Vargas), a partir de dados do estudo Gallup World Poll, com 143 países, identificou que a insatisfação entre os brasileiros cresceu em 2018. De acordo com os especialistas, fatores como: a crise econômica que impactou principalmente as vagas de emprego e falta de confiança na política e nos representantes do país contribuíram para que a nota atribuída a esse quesito passasse de 7,1 em 2013 para 6,2 em 2018.  Se observarmos com atenção é realmente uma diferença significativa!

É perceptível que entre os anos de 2013 e 2018 vivemos grandes mudanças, situações desafiadoras, dentro das famílias, ligadas à renda, à tecnologia, e até mesmo ao desemprego. Você deve conhecer pelo menos uma pessoa que ficou desempregada neste período, que encontrou dificuldade de se recolocar no mercado ou que ainda teve de se aventurar na informalidade para seguir sua vida. Eu por exemplo, conheci várias! Lendo sobre o assunto, em uma reportagem intitulada “Felicidade encolheu mais na classe média”, divulgada pela FGV Social, outros dados chamaram a minha atenção, por exemplo: foi a classe média quem admitiu estar mais insatisfeita - queda de um ponto, enquanto para os mais pobres e os mais ricos essa contração foi de 0,5 ponto. 

Analisando a situação de forma mais detalhada, percebi que é possível entender que a relação entre satisfação e felicidade pode também estar ligada ao valor que atribuímos ao dinheiro e aquilo que ele pode nos proporcionar. Por que quem está entre os ricos e pobres sentiu-se menos satisfeito? Não seriam os pobres os mais atingidos? Não quero aqui fazer juízo de valor ou julgamentos, mas quero abrir um parêntese: será que não é o modo como olhamos para as situações que influenciam nossa satisfação com a vida? 

Parece-me que as pessoas que têm menos estão seguindo o seu caminho com o que lhe é possível, acreditando que o caminho se faz caminhando, enquanto nós, que já contamos com uma casa própria, profissão, trabalho, veículo, sofremos com o que podemos perder ou porque se tornou necessário ter mais. Deve existir algo que não fecha nesta conta! Então, o que eu posso concluir é que nós precisamos olhar com mais sensibilidade para nossas histórias pessoais e também para aqueles que estão ao nosso lado. O foco deve estar no que temos hoje para seguir adiante e como podemos driblar os momentos difíceis, lembrando sempre que é preciso saber equilibrar nossas emoções, afinal, podemos e devemos ser felizes.


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