Estudo mapeia os processos da cadeia produtiva da tainha

Resultado revelou a sobrecarga da pesca e acúmulo de peixes em estoque


por Wesley Martins - Estagiário de Jornalismo | 06/12/2019

Itajaí - A corrida pela pesca da tainha entre abril e julho no litoral sul e sudeste do Brasil movimenta a relação comercial entre as indústrias de pescado e profissionais do ramo, assim como evidencia falhas na cadeia produtiva. Com base nisto, o trabalho de conclusão de curso do acadêmico de Engenharia de Produção da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Victor de Souza Ribeiro, orientado pelo professor Rodrigo Mazzoleni, mapeou o processo e sugeriu estratégias de gestão para melhoria do rendimento financeiro da pescaria.

A cadeia produtiva envolve todos os componentes que vão da retirada do pescado no mar (pescadores, mestres, armadores), a descarga nas empresas de pesca (manipulação e armazenamento do pescado), a venda (atravessadores, peixaria, mercados) e o consumo final.

 O estudo, produzido de agosto de 2018 a junho de 2019, estabeleceu dois cenários. No primeiro, foi considerado o que foi capturado em 2018; já o segundo, analisa, por meio de um cálculo de proporção, o comportamento da cadeia caso o montante fosse igual ao estipulado pela cota, de 2.221,17 toneladas em 2018. O procedimento revelou que se os gastos da embarcação fossem próximos ao preço médio de venda no mercado, a quantidade mínima de captura do peixe para começar a render lucro ao pescador seria de 34 toneladas.

Foto: Programa Terra e Mar

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O primeiro cenário estudado mostrou que logo após a abertura da safra, em poucos dias a pesca ultrapassou a cota estabelecida pelo governo federal. A captura em excesso gerou sobrecarga nas empresas, que ficaram com acúmulo de pescados retidos no estoque. O professor Mazzoleni explica esse processo: “Um dos resultados do trabalho mostrou que o tempo de captura do peixe até ele ser colocado na área de venda pode ser muito rápido, de oito horas a dois dias. Entretanto, havendo uma captura em excesso, como realmente houve, o pescado pode ficar retido na forma congelada nas empresas e o tempo de estocagem dele pode ser de até um ano".

Em relação ao tempo de captura e estocagem, percebeu-se um tempo médio de quatro horas de atividade do pescador. As empresas operam em torno de 15h diárias, com duas horas de intervalo, e mais duas horas na passagem pelo setor comercial até a área de vendas. As vendas por sua vez, são controladas pela demanda do mercado consumidor, logo a pesquisa identificou que a tainha pode permanecer por até 30 dias em estoque, o que prejudicaria a qualidade do produto e a valorização no mercado.

O estudo apontou que o principal destino do pescado foi o comércio varejista (peixarias e mercados) e a indústria da transformação. O pescado ao ficar retido congelado por muito tempo pode passar da validade, virando rejeito que é encaminhado ao aterro sanitário ou à indústria de farinha.

No segundo cenário, a captura foi mantida dentro da cota estabelecida e distribuída ao longo dos 61 dias de safra, mostrando que ao se manter uma captura média de 50 toneladas/barco os ganhos financeiros poderiam ter sido majorados em um máximo de até 50%.

Mais informações: (47) 3341-7925, no Laboratório de Ecossistemas Aquáticos e Pesqueiro da Univali, com o professor Rodrigo Mazzoleni.




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