por Camila Gomes | 07/05/2021

​“Com certeza, a melhor e maior experiência da minha vida!", é como a professora dos cursos de Oceanografia e Engenharia Ambiental e Sanitária, Cristina Horita, define a maternidade. Mãe de três meninos, a integrante do corpo docente da Univali desde 1999 admite que a jornada dupla da maternidade e vida profissional foi trabalhosa.

Se essa era uma realidade incomum há algumas gerações, atualmente já não causa mais estranheza. Segundo dados do IBGE de 2014, o Brasil tem mais de 28 milhões de mães no mercado de trabalho, seja ele formal ou informal, representando mais da metade das mães brasileiras. Faz muito tempo desde que a imagem da dona de casa com o avental sujo já não representa a maioria das mães. Muito menos a palavra mãe define uma mulher. Neste século, a imagem mais fiel é de uma mulher multifacetada, com diversas atribuições e características, sendo a maternidade apenas mais uma entre as diversas experiências e desafios enfrentados. Certamente, como afirma Cristina, a maior das experiências.

 

 Cristina Horita.jpg

Além de ter que conciliar a maternidade com o trabalho, Cristina faz parte das mães acadêmicas, e teve que aprender a manejar sua atenção entre o doutorado, trabalho, casa e filhos. “Tive que aprender a viver o presente, pois tinha que viajar toda semana, e quando estava lá, ficava pensando sobre as atividades que não estava realizando, e vice-versa. Isso me deixava muito angustiada, até que comecei a focar nas atividades do local onde estava", conta.

Essa realidade não é incomum, principalmente para quem é professora universitária. Mileide Sabino, que ministra disciplinas NID e é apoio pedagógico da Escola de Negócios, também se adaptou a uma rotina corrida, que combinava a carreira, estudos e a maternidade. O filho mais velho, Bruno, acompanhou toda a sua jornada acadêmica. Durante o período de graduação, o pequeno ficava na escolinha em tempo integral, mas mesmo assim o apoio de amigas e familiares fizeram a diferença: “Às vezes, a mãe de uma amiga me ajudava a cuidar dele, os trabalhos da faculdade eram feitos lá em casa, com ele junto, e assim fui me virando", explica.

Um dos momentos mais marcantes para a professora foi durante o seu doutorado, em que recebeu o apoio dos filhos. “Quando eu estava treinando a minha defesa de doutorado, meus dois filhos ficaram a madrugada inteira acordados para dar feedback para a minha apresentação", relata, e complementa: “Então, eles fizeram parte de todo o processo tanto do mestrado quanto do doutorado".

 

Mileide Sabino.jpg

Tanto Mileide quanto Cristina relatam o sentimento de culpa por precisarem se ausentar da vida dos filhos e dar menos atenção do que gostariam. Esse sentimento é comum em mães inseridas no mercado de trabalho. Portanto, é fundamental que haja empatia para com as mães trabalhadoras ou estudantes.

Cristina ressalta que a compreensão das coordenações dos cursos em que dava aula e dos colegas foi uma das coisas que a deixavam mais aliviada em exercer sua profissão.

A professora do curso de Publicidade e Propaganda, Damaris Strassburguer, que acabou de retornar às atividades após a licença maternidade, diz estar encontrando muito apoio desde o seu retorno, tanto na secretaria do curso, como dos demais professores, colegas, e até mesmo alunos: “A maioria dos meus alunos ama a ideia de eu estar com um bebê. Eles mandam mensagens, perguntam como o bebê está antes das aulas e orientações, comentam as minhas fotos e vídeos nas redes sociais".

 Damaris Strassburguer.jpg

Segundo Damaris, a empatia de seus colegas foi muito perceptível: “Hoje já consigo participar de algumas atividades, mesmo com o bebê: volta e meia ele entra comigo em reunião, palestra em live, etc. [...] Todos entendem o momento".

Para a colaboradora Giorgia De Conto, Técnico Administrativa da Coordenação da Escola de Negócios, o maior desafio a ser enfrentado foi a responsabilidade de assumir o papel paterno. Além disso, ela também teve que lidar com a vida acadêmica e profissional desde que seu filho Giuseppe completou um ano.

Quando o pequeno tinha 9 anos, Giorgia foi morar em Londres durante um ano para estudar. “Alguns me chamam de maluca, mas não abandonei meu filho. Ele ficou com os avós, e eu fui com data de ida e volta, e com um propósito, sempre pensando em nosso futuro. E quem mais me deu forças para não desistir foi ele", relata. 

 Giorgia De Conto.jpg

De fato, com a chegada de um novo integrante na família, as prioridades mudam. Para a aluna de jornalismo, Zury Saday de Moura, isso aconteceu mesmo antes do nascimento da pequena Isis, de 3 meses. Matriculada na disciplina do Trabalho de Conclusão de Curso no primeiro semestre de 2020, Zury pensava em adiar a produção do trabalho, inclusive por conta de todas as incertezas causadas pelo início da pandemia de Covid-19.

Ao descobrir a gravidez, em abril, ela decidiu encarar o desafio, já que após o nascimento da filha seria ainda mais difícil executar o trabalho. “Foi Isis que me deu forças para terminar o TCC, literalmente". Com um certo planejamento, Zury conseguiu adiantar as matérias que exigiam mais tempo e dedicação.

 Zury Saday.jpg

Uma das descobertas dessa jornada foram de que somos capazes de muito mais coisas do que imaginamos. A insegurança de ser mãe jovem e não conseguir dar conta das responsabilidades era constante, mas, com o nascimento da filha, tudo mudou. “Pode soar meio clichê, mas quando o nosso bebê nasce, nós renascemos. Aí que a gente entende aquele ditado de 'só vai saber quando for mãe", afirma. “A maternidade é uma carga imensa de responsabilidade, mas ao mesmo tempo é leve, alegra seus dias, te traz paz. Você acaba esquecendo um pouco as coisas ruins que estão acontecendo no mundo ao olhar para aquele serzinho", completa.

Para a estudante de Ciências Biológicas, Júlia de Lima da Silva, descobrir a gravidez no meio da graduação não foi fácil. Ser mãe não estava entre seus planos. Mas com o apoio da família, tudo ficou mais suave. Ainda assim, foi complicado conciliar a preparação para a chegada de seu filho e dar conta dos prazos e trabalhos do curso: “me deixava apreensiva, mas não foi impossível. Consegui passar em todas as matérias mesmo tendo o meu filho no meio do semestre".

Durante os primeiros meses, as demandas ficaram ainda maiores e a principal preocupação de Júlia era fazer com que o filho se sentisse seguro. As tarefas acadêmicas não foram prioridade, mas com o auxílio e apoio dos professores, a acadêmica conseguiu concluir o semestre. Agora que Noah já completou um ano, Júlia consegue se dedicar mais a vida acadêmica, inclusive participando de um projeto de pesquisa e estágio. A rotina é agitada, mas o marido e a mãe dividem as responsabilidades. “Entendo que não sou 100% disponível a ele, mas o tempo que estou com ele, me dedico completamente, a atenção é de qualidade".

 Júlia Lima.jpg

Esse é um dos principais conselhos de Mileide para quem precisa conciliar a maternidade com demais responsabilidades: é melhor disponibilizar um tempo de qualidade e atenção completa aos pequenos. Para Zury, é importante estabelecer prioridades e não se cobrar por perfeição. “Já está tudo tão difícil, a gente dá o nosso melhor enquanto mãe, enquanto estudante.  Acho que nesse momento a gente não deve se martirizar e nos cobrar tanto".

 



  • Compartilhe:

Comentários



Voltar para todas as notícias

Univali

Copyright - univali.br - 2022 - Todos os direitos reservados

Política de Cookies

Política de Privacidade