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Dia do Índio: o conhecimento como ferramenta de preservação da cultura indígena

Acadêmica conta como a graduação contribui para a perpetuação da cultura Guarani


por Renara dos Santos Almeida | 17/04/2020



O Dia do índio surgiu com a realização do Congresso Indigenista Interamericano na cidade de Patzcuaro, no México, em 1940. E em 1943, o presidente Getúlio Vargas decretou oficialmente a data no Brasil. A acadêmica de Pedagogia Intercultural Indígena, Clarice de Souza, de 42 anos, que atende pelo nome indígena de Kunha Potã, explica que esse dia representa um momento de reflexão sobre a história de seu povo e o combate ao preconceito da comunidade não indígena.

“Muitas pessoas nos respeitam, mas também há muitos preconceitos. Nós, da cultura Guarani, ainda não temos o que comemorar. São mais de 500 anos de exploração, violência, preconceitos, vidas ceifadas e direitos reprimidos. Então, o nosso Dia do Índio é todos os dias, porque buscamos manter a nossa identidade viva", diz.

Clarice faz parte da aldeia Yaka Porã, localizada no Morro dos Cavalos, em Palhoça (SC). E a maneira que encontrou para preservar a cultura de seu povo foi ingressar em um curso universitário.

“A graduação tem matérias voltadas para a cultura Guarani, mostrando que a nossa educação tradicional é bastante semelhante à educação não indígena, porém com uma metodologia diferente. Então, queremos aliar os dois saberes para desenvolver a nossa comunidade, conquistar mais oportunidades, sem perder as características dos povos originários", completa.

Em Yaka Porã, as crianças recebem a educação tradicional indígena por meio dos membros da aldeia e, principalmente das mães, que transmitem os costumes até que os pequenos completem seis anos de idade. Só então começam a educação escolar - atualmente lecionada por professores não indígenas.

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Pedagogia Intercultural Indígena

O curso é ofertado pelo Campus Biguaçu sob a coordenação do professor Edgar Antonio Piva. A primeira turma começou em 2018 e recebe alunos das aldeias de Pira Rupá e Morro dos Cavalos, de Palhoça; Itanhaém e Mbya Roká, de Biguaçu; Tekoa Vya, de Major Gercino; Tekoá Tavaí; Tekoa Marangatu, de Imaruí; Yvy Ju e Morro Alto, de São Francisco do Sul; e Pindoty, de Araquari.

De acordo com o professor, apesar da dificuldade de aprendizagem e de locomoção das aldeias para a Universidade, os alunos continuam na busca para adquirir conhecimento científico.

“A partir de saberes técnicos, políticos, éticos e estéticos, o estudante será capaz de articular teoria e prática para exercer a gestão de processos educativos. E de atuar com autoridade e segurança nas atividades de coordenação, planejamento, organização, além de avaliação de programas e projetos pedagógicos escolares e não-escolares indígenas", ressalta Piva.

Com duração de oito semestres, a formação da primeira turma deve acontecer em 2022.



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